Sentimento tem valor? Há alguma unidade de medida que possa captar o quanto consideramos uma pessoa? Essa dúvida se eleva em meus pensamentos e me retorna à uma gostosa saudade que um dia pensei que seria dolorosa. Muitas vezes o leve aceno de mão nos engana e nos faz ver um longo e distante adeus. Adeus, uma palavra curta e sofrida. Já pensaram nas vezes em que tiveram de dizer: "adeus.."? Você pode me dizer que não, mas tenho quase certeza de que foi um dia cinzento, sem cor, que sua mão apertou a outra pela última vez, que seu corpo sentiu o calor do abraço pela última vez. Foi melancólico, foi ruim. Talvez me diga que não foi tão mal assim, entretanto, iniciou-se uma grande fase em que vocês não podem mais se ver e se falar como antes, não podem se olhar, abraçar, e fazer aquelas cócegas que sempre te incomodaram. Aí entra ela, a saudade, uma amiga curiosa e engraçada que nos faz rir sozinhos, faz nossos olhos brilharem, e rapidamente sentimos tudo aquilo que sentíamos antes na presença do então distante. Ela é companheira de todas as pessoas que um dia amaram a outra tão fortemente a ponto de dizer: "Por você, faria isso mil vezes" - e que hoje dariam tudo para ter um minutinho da companhia prazerosa do amigo. Amigo, aquele que nos faz sentir o fervor da alegria, da sinceridade, do carinho, da afeição, do ciúme, do prazer, da felicidade, do companheirismo, e de tantas outras coisas que não consigo enumerar. Só consigo pensar em uma unidade de medida para captar o tamanho do amor: o montão. Dizer que ama "um montão assim" é querer explicitar um sentimento infinito, sem restrições ou dúvidas. Capaz de suportar as piores palavras ditas, que de tão ríspidas, doem só de pressentir que estão vindo. Uma unidade que mede o fato de não nos importarmos com os defeitos alheios, com os medos. E que nos faz repetir sempre: "Por você, faria isso mil vezes."
Autor: Luiz Fernando Brasil
Autor: Luiz Fernando Brasil