terça-feira, 6 de julho de 2010

Minutos de silêncio

Já passou por alguma situação que te fez calar? Se o fez, certamente foi porque essa situação o desconcertou. Ou ainda, o momento foi tão intenso que você não consegue reorganizar as ideias e os pensamentos. Isso me acontece às vezes. Em poucas situações me verá falando pouco, são elas: quando estou tímido, num lugar cheio, ou num ambiente com pessoas desconhecidas, ou ansioso, nervoso... e chateado. Uma pessoa que naturalmente gosta de falar e sempre dá umas risadas não fica calado em vão. Algo de muito sério aconteceu para que ele emudeça e prefira não desferir palavras. Geralmente é um ato de auto-proteção, onde a pessoa prefere não dizer nada para que não complique mais as coisas, ou não se machuque mais com o que vivenciou. Mas há também o lado que poucos veem. O lado de que a pessoa se cala para não magoar os outros ou para não deixar os outros ainda mais nervosos. Ficar em silêncio não significa que a pessoa não se importa, que não tem sentimentos. Emudecer-se é o oposto disso. É se importar com quem está a nossa volta, é lutar contra a vontade de revidar ofensas, é respeitar o momento do outro, é pedir um tempo pra refletir, é tentar ser forte num momento de fraqueza, é tentar superar os pensamentos negativos de que não somos capazes de resolver as situações postas e acima de tudo, é procurar o raciocinar num instante onde tudo está turvo, nublado, escuro e confuso. Algumas pessoas conseguem escapar do silêncio fazendo algo: cantando, dançando, pintando, compondo ou fazendo qualquer tipo de atividade que a faça relaxar e descontrair. Nesse caso, prefiro escrever. Escrever pra mim é poder falar aquilo que não consigo. Quisera eu ser tão bom com as palavras ditas quanto me considero com as palavras escritas. Em momentos como este gostaria de saber falar eloquentemente e expor meus pensamentos sem estar vulnerável a me atropelar nas palavras. Infelizmente [ou felizmente], não sei falar tão bem quanto escrevo. Pensando bem, ficar em silêncio pode não ser tão ruim assim. Posso escrever, me encontrar, me organizar e me entender mais facilmente. Por isso, peço licença pra ficar uns minutos em silêncio. Me deixe pensar, refletir e me reorganizar. Me permita uns minutos de silêncio.

[Autor: Luiz Fernando Brasil]

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Duras Pedras

No sim existe um não
No céu existe um chão
Vencer também traz perdas
Aceitos os meios para alcançar o fim

Piso as duas pedras
Pra entrar no mar
Mas a calma da água
Ao beijar a minha sede pela paz
Me eleva

Sentir pode doer
Sorrir pode esconder
Viver tem suas mortes
Aceito os meios para alcançar o fim

Piso as duras pedras
Pra entrar no mar
Mas a calma da água
Ao beijar a minha sede pela paz
Me eleva

[Autora: Sandy Leah - música gravada no cd/dvd Maunscrito]

Um desabafo

Publico essa foto como forma de expressar o que sinto. É assim que eu queria que as coisas estivessem... Assim que eu gostaria de estar, mas não estou. Infelizmente uns mal-entendidos fizeram minha semana ir do céu ao inferno em dois segundos. Se magoei ou feri alguém, peço perdão. Só sei que minhas lembranças serão boas, limpas e agradáveis de tudo o que vivi durante esses sete dias. Não vou me defender das acusações que não me cabem, que não condizem comigo ou que me fazem parecer aquilo que não sou. Vou pensar que estamos agitados, revoltados com nossos sentimentos e que talvez estejamos um pouco cansados da vida difícil que temos. Não quero brigar com ninguém, não quero ser inimigo de ninguém, não quero ter desafeto com ninguém. Se um dia entender que não sou o monstro que aparentei, saiba que estarei aqui no mesmo lugar onde você me deixou. Querendo conversar, rir e saborear os minutos deliciosos que tive ao seu lado. Não tenho palavras pra descrever o quanto estou sem chão com os últimos acontecimentos, e também não vou me esforçar. Acho que não adiantaria... Sinceramente, espero que um dia me entenda. Sem ressentimentos.

[Autor: Luiz Fernando Brasil]

Esconderijo

Nesse quarto escuro
Existe um menino assustado

Ele é sozinho
E teme que o mundo
Encontre seu cantinho

Me entrega ele pra cuidar
Eu sei guardar segredo
Eu sei amar

Não conto pra ninguém
Que esse menino é alguém
De barba e gravata
E que esse quarto escuro
É sua alma

[Autora: Sandy Leah - Música gravada no cd/dvd Manuscrito]

domingo, 4 de julho de 2010

No elevador do filho de Deus

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida 
Que eu já tô ficando craque em ressurreição. 
Bobeou eu tô morrendo 
Na minha extrema pulsão 
Na minha extrema-unção 
Na minha extrema menção 
de acordar viva todo dia 
Há dores que sinceramente eu não resolvo 
sinceramente sucumbo 
Há nós que não dissolvo 
e me torno moribundo de doer daquele corte 
do haver sangramento e forte 
que vem no mesmo malote das coisas queridas 
Vem dentro dos amores 
dentro das perdas de coisas antes possuídas 
dentro das alegrias havidas 

Há porradas que não tem saída 
há um monte de "não era isso que eu queria" 
Outro dia, acabei de morrer 
depois de uma crise sobre o existencialismo 
3º mundo, ideologia e inflação... 
E quando penso que não 
me vejo ressurgida no banheiro 
feito punheteiro de chuveiro 
Sem cor, sem fala 
nem informática nem cabala 
eu era uma espécie de Lázara 
poeta ressucitada 
passaporte sem mala 
com destino de nada! 

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida 
ensaiar mil vezes a séria despedida 
a morte real do gastamento do corpo 
a coisa mal resolvida 
daquela morte florida 
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos 
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos 
que já to ficando especialista em renascimento 

Hoje, praticamente, eu morro quando quero: 
às vezes só porque não foi um bom desfecho 
ou porque eu não concordo 
Ou uma bela puxada no tapete 
ou porque eu mesma me enrolo 
Não dá outra: tiro o chinelo... 
E dou uma morrida! 
Não atendo telefone, campainha... 
Fico aí camisolenta em estado de éter 
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida! 
Tô nocauteada, tô morrida! 

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa 
não tem aquela ansiedade para entrar em cena 
É uma espécie de venda 
uma espécie de encomenda que a gente faz 
pra ter depois ter um produto com maior resistência 
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega) 
e fica feito a justiça: cega 
Depois acorda bela 
corta os cabelos 
muda a maquiagem 
reinventa modelos 
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida 
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?" 
E a gente com aquela cara de fantasma moderno, 
de expersona falida: 
- Não, tava só deprimida.


[Autora: Elisa Lucinda]

Particular

São 01h da manhã e eu me pergunto: porque estou tão agitado? Certamente eu mesmo tenho a resposta pra essa pergunta. Não sei se desenvolvo ou fico quieto num canto tentando não pensar nisso. Acho melhor escrever, pois assim minha mente se organiza e fico mais tranquilo... Fico remoendo os acontecimentos, pensando no que foi dito, no que foi lido e não vejo cabimento, ao mesmo tempo, percebo que tudo o que sinto é válido. Tudo começou por causa de uma palavra, se é que podemos chamar de palavra. Foi dita assim, como quem não quer nada... E veio a frieza, o quase silêncio e outra palavra. Sabia que duas palavras são o suficiente para fazer o dia de uma pessoa terminar cinza? Isso mesmo, cinza... Aquela cor que parece sem graça, chata e mórbida. É assim que me sinto: chateado e sem graça. A segunda palavra machucou demais. Talvez quem a disse nem saiba o quanto machucou quando a desferiu sobre meu peito. Me remeteu a momentos de minha infância, quando era taxado, ridicularizado, zombado e sofria com o preconceito alheio. Me fez voltar às situações mais embaraçosas que vivi, aos instantes que mais entrei em conflito comigo mesmo. Me lembrou de quando chorava demasiadamente temendo ser aquilo que me falavam, temendo envergonhar meus pais, temendo ser diferente, temendo não ser feliz, temendo não ter amigos, ao mesmo tempo em que me fazia acreditar que eu não poderia confiar em ninguém, que somente eu me bastava, que os outros não eram gentis e que as pessoas a minha volta eram apenas objetos com os quais eu poderia dialogar para obter o que me era necessário, sem nenhum tipo de relação. Me lembrou de quando eu tinha raiva de tudo e de todos, de quando eu queria fugir pra um mundo mágico onde eu era o rei, e onde todos eram meus subordinados. Ou ainda, num mundo onde eu era o herói, o salvador da pátria, o guerreiro que era admirado por todos. Talvez seja por isso que tenho a imaginação fértil, deve ser uma válvula de escape. Escapar de que? De tudo, do mundo, de vocês, deles, de mim... Imaginar sempre foi minha única arma contra a tristeza, a solidão e a amargura. Os personagens que em mim habitam, sejam representados por pessoas reais ou meramente inventados por mim, sempre me fizeram companhia. O mago, a fada, o cavaleiro, o ladrão, o anjo, o vilão, os monstros... Todos eles me fazem companhia agora e se esforçam para me levar daqui e voltar ao mundo fantástico onde verdadeiramente habito. Louco!? Talvez... Me diz quem não é um pouco? Todos somos, ou ao menos é assim que eu prefiro pensar pra não me sentir sozinho de novo. Sozinho... Em certos momentos ainda me sinto assim, mesmo com meus amigos imaginários por perto. Até mesmo com meus amigos de carne e osso. Se é um problema com eles? Não, nenhum. Todos eles são muito bons pra mim. Inclusive, os de carne e osso me deram muito apoio e me ajudaram a ser novamente inserido no mundo real. Ah não posso esquecer o curso de pedagogia também. Ele me fez [e ainda faz] entender muitas coisas sobre mim, sobre meu passado e meu presente. Meu futuro? Não sei... Só sei que me esforço cada dia mais pra ser quem eu sou. Me aceito, me gosto e me admiro, assim como não me aceito, não me gosto e não me admiro certas vezes. Mas os sentimentos positivos são muito mais fortes em mim. Felizmente aprendi direitinho que sou único, lindo e diferente dos outros. Sim, diferente... Pode ser clichê, mas eu adoro ser diferente dos meus irmãos, dos meus primos, da família, dos amigos... Adoro ter meu mundo, e pra falar a verdade: não viveria se ele não existisse. Ele é meu e de mais ninguém. Talvez te convide um dia pra conhecê-lo, ou talvez não. Até porque temo que alguém um dia o veja e o destrua, como quase destruíram esse que dizem ser real...

AVISO:
Não entre! Infinito particular...

[Autor: Luiz Fernando Brasil]

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Noite e Dia

Noite fria e sem vontade
Sem sono ou tranquilidade
Céu escuro e sem luar
Com estrelas solitárias
Não se dorme, não se sonha

Noite de medo e angústia
Sem esperança e com amargura
Cama estreita, piso gelado
Olhos fechados, contando carneiros

Invasão de silêncio
Pensamento distante
Cada vez mais só
A todo instante

Manhã bem-vinda e serena
Dia quente e disposto
Com vontade e bom gosto
Sol brilhando, nuvéns no céu
Gotas de chuva e um arco-íris

Sete cores, muitos motivos
Olhares trocados, muitos sorrisos
Dedos cruzados, mãos unidas
Olhos nos olhos, almas em sintonia

Alegria espaçosa
Sentimentos profundos
Despertar inesperado
Liberdade em um segundo.

[Autor: Luiz Fernando Brasil]