domingo, 4 de julho de 2010

Particular

São 01h da manhã e eu me pergunto: porque estou tão agitado? Certamente eu mesmo tenho a resposta pra essa pergunta. Não sei se desenvolvo ou fico quieto num canto tentando não pensar nisso. Acho melhor escrever, pois assim minha mente se organiza e fico mais tranquilo... Fico remoendo os acontecimentos, pensando no que foi dito, no que foi lido e não vejo cabimento, ao mesmo tempo, percebo que tudo o que sinto é válido. Tudo começou por causa de uma palavra, se é que podemos chamar de palavra. Foi dita assim, como quem não quer nada... E veio a frieza, o quase silêncio e outra palavra. Sabia que duas palavras são o suficiente para fazer o dia de uma pessoa terminar cinza? Isso mesmo, cinza... Aquela cor que parece sem graça, chata e mórbida. É assim que me sinto: chateado e sem graça. A segunda palavra machucou demais. Talvez quem a disse nem saiba o quanto machucou quando a desferiu sobre meu peito. Me remeteu a momentos de minha infância, quando era taxado, ridicularizado, zombado e sofria com o preconceito alheio. Me fez voltar às situações mais embaraçosas que vivi, aos instantes que mais entrei em conflito comigo mesmo. Me lembrou de quando chorava demasiadamente temendo ser aquilo que me falavam, temendo envergonhar meus pais, temendo ser diferente, temendo não ser feliz, temendo não ter amigos, ao mesmo tempo em que me fazia acreditar que eu não poderia confiar em ninguém, que somente eu me bastava, que os outros não eram gentis e que as pessoas a minha volta eram apenas objetos com os quais eu poderia dialogar para obter o que me era necessário, sem nenhum tipo de relação. Me lembrou de quando eu tinha raiva de tudo e de todos, de quando eu queria fugir pra um mundo mágico onde eu era o rei, e onde todos eram meus subordinados. Ou ainda, num mundo onde eu era o herói, o salvador da pátria, o guerreiro que era admirado por todos. Talvez seja por isso que tenho a imaginação fértil, deve ser uma válvula de escape. Escapar de que? De tudo, do mundo, de vocês, deles, de mim... Imaginar sempre foi minha única arma contra a tristeza, a solidão e a amargura. Os personagens que em mim habitam, sejam representados por pessoas reais ou meramente inventados por mim, sempre me fizeram companhia. O mago, a fada, o cavaleiro, o ladrão, o anjo, o vilão, os monstros... Todos eles me fazem companhia agora e se esforçam para me levar daqui e voltar ao mundo fantástico onde verdadeiramente habito. Louco!? Talvez... Me diz quem não é um pouco? Todos somos, ou ao menos é assim que eu prefiro pensar pra não me sentir sozinho de novo. Sozinho... Em certos momentos ainda me sinto assim, mesmo com meus amigos imaginários por perto. Até mesmo com meus amigos de carne e osso. Se é um problema com eles? Não, nenhum. Todos eles são muito bons pra mim. Inclusive, os de carne e osso me deram muito apoio e me ajudaram a ser novamente inserido no mundo real. Ah não posso esquecer o curso de pedagogia também. Ele me fez [e ainda faz] entender muitas coisas sobre mim, sobre meu passado e meu presente. Meu futuro? Não sei... Só sei que me esforço cada dia mais pra ser quem eu sou. Me aceito, me gosto e me admiro, assim como não me aceito, não me gosto e não me admiro certas vezes. Mas os sentimentos positivos são muito mais fortes em mim. Felizmente aprendi direitinho que sou único, lindo e diferente dos outros. Sim, diferente... Pode ser clichê, mas eu adoro ser diferente dos meus irmãos, dos meus primos, da família, dos amigos... Adoro ter meu mundo, e pra falar a verdade: não viveria se ele não existisse. Ele é meu e de mais ninguém. Talvez te convide um dia pra conhecê-lo, ou talvez não. Até porque temo que alguém um dia o veja e o destrua, como quase destruíram esse que dizem ser real...

AVISO:
Não entre! Infinito particular...

[Autor: Luiz Fernando Brasil]

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